domingo, 3 de maio de 2009

PRESENTE

Palavras alheias que enchem o meu ser de dúvidas confusas. Sussurros que alimentam as mentes dos mais fracos e os guiam tal e qual como querem. Palavras do mal, do ciúme, da inveja. Palavras que transformam o amor em ódio. O amar em duvidar. Como pode alguém gostar de mexer com as mentes alheias, deixar lá os ovos, que mais tarde nascerão em prol do ódio? Como pode alguém odiar algo que não conhece? Meter o bedelho para não sentir a felicidade à sua volta. Odiar o amor. Ou amar o ódio?
Gente fraca. Todos nós temos fraquezas. Gente fraca que ouve e se submete. Que estraga uma vida de sorrisos por causa de palavras soltas de confiança desconfiada.
Gente fraca que fala as tais palavras soltas para poder estragar a vida de quem sorri.
E nós? Que argumento teremos perante estas fraquezas? Que contra argumento poderemos enviar para fazer entender os erros verbais? Para refutar a ignorância reinada pelo ciúme e inveja? O silêncio. É a única solução. O silêncio, sem submissão. Apenas desprezo. Deixá-las atingir umas às outras com a violência verbal. Matem-se por suposições. Morram por palavras! MORRAM! Deixem-me só, para poder viver os sorrisos, a paz de espírito, a felicidade das pequenas coisas! Poder ver a lua na praia, a paisagem composta de vários tons de verde, a formiga que passeia uma migalha de pão. Porquê querer estragar estes momentos mágicos de alguém, nem fazendo parte deles? MORRAM! SOFRAM! LONGE! Não quero que se intrometam na minha vida, tal como eu não me intrometo na vida de ninguém.
Estou rodeada de maldade e não sei como contornar, como me tornar invisível, impune. É impossível passar despercebida quando existem bichos que se entranham devagarinho em nossa vida e nos sussurram canções de escárnio e maldizer aos ouvidos. Lavagem cerebral! Para quê? Para nos verem infelizes. Para nos verem sofrer. Para se rirem sobre a nossa tristeza.
É impossível conseguir escapar. Se não nos afectam directamente, afectarão alguém directo a nós, logo nos afectará de forma indirecta.
Quero fugir. Quero-me isolar. Não quero ninguém. Não confio em ninguém, exceptuando 2 ou 3 seres semelhantes. Quero o meu canto. O meu buraco. A minha solidão. Onde não haja influência maldosa em redor. Quero, quero, quero! Que egoísmo! Que egocentrismo! Que humanismo! Ninguém é perfeito. E eu estou muito longe de o ser!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

aniversário dos 25

Na noite do meu aniversário, ao invés de o comemorar, uma dor no peito não me deixou mexer. Como qualquer ser humano, assustei-me deveras… uma dor no peito, no lado esquerdo que realmente me atordoava o sistema e não me deixava fazer nada… Sou sempre a última a pôr os pés no hospital, mas dadas as condições, visto que eram 10 da noite e que a Di me fez um ultimato, lá fomos para as urgências do Hospital de Faro.
Realmente, das desgraças faz-se comédia. Estas foram as horas mais surreais que passei num hospital. Começando pelo primeiro balcão, disse que tinha uma forte dor no peito, a senhora que me atendeu ficou assustada, não me fosse ali dar um AVC, e depressa me mandou avançar para a triagem, um segundo balcão. Convém dizer que a minha reacção foi demasiado teatral… quanto mais fita se faz, mais depressa nos atendem. Estava mal, mas não tanto…
Na triagem tive o prazer de ouvir as senhoras enfermeiras falarem do seu jantar do dia anterior, como fizeram os pastelinhos de bacalhau. Também pude assistir a outra conversa acerca de vagas em outros hospitais. Realmente importante para quem está literalmente a morrer num hospital, dada a minha birra do momento… depois desta conversa bastante enriquecedora, perguntou-me o que tinha eu… até me senti a mais naquele gabinete!! Depois de explicar, deixaram-me a apodrecer na sala de espera, a ouvir os gemidos dos velhotes abandonados nos corredores. A minha sorte era a Di, sempre com a sua ironia, que se ria e gozava com a situação…
Em pelo menos 10 enfermeiros que foram passando por lá, só um se preocupava com os velhotes. Movia-se de um para o outro a perguntar se estavam bem, confortáveis, com fome, com frio, com calor. Dava conversa, falava da meteorologia, da vida, só para os entreter. Enquanto os outros miravam vomitando tédio.
Quando fui atendida, a doutora mandou-me fazer uma radiografia. “Ao fundo, à esquerda”, disse ela… mas esqueceu-se do pormenor do é na outra ponta do hospital!! Porque não explicam as coisas como elas são?? Perdi-me, divaguei, vi coisas escabrosas, mas quem tem boca vai a Roma. Cheguei. Assim que a enfermeira me diz: “tire as camisolas e soutien, por favor”, assim o fiz, na sala dos RX, mas não, ela ficou escandalizada e mandou-me ir fazer isso numa salinha… Porque não explicam as coisas como elas são?? Assim que me despachei voltei à sala de espera, onde a Di continuava a criar raízes, fungos, cogumelos. Uma real seca.
Começámos a estupidificar. Gases saíam dos buracos mais privados do nosso corpo, e com isto riamos. Seriam nervos? Não sei, sei que passados uns minutos me deram umas dores fortes que não me deixavam respirar. Chamaram os enfermeiros. Que fizeram eles? Deram-me um copo de água… Estava desidratada, com certeza…
Depois da peidofonia e como estava farta de esperar, dirigi-me ao gabinete da doutora de novo dizendo que me queria ir embora, bastava analisar a minha radiografia e receitar as coisas que tinha a receitar. Ela assim decidiu em dar-me uma injecção no rabo. Disse que não me injectavam nada para o corpo sem me explicarem o que era. Não me queriam dizer, mas dados aos meus devaneios pseudo-religiosos, lá acabaram por me dar os componentes daquele líquido, que eu escrevi, não me fosse dar uma coisa má! (deve-se frisar aqui que sou capaz de usar um medicamento químico uma vez por ano. Não gosto dessas coisas. Sou apologista das plantas. Cada um com a sua panca…) Mandaram-me mais uma vez para a sala de espera, esperar 30 minutos para ver se fazia efeito. Nesses 30 minutos decidi ir dar uma volta com a Di, para sair daquele antro de moribundos. Mas… esqueceram-se de me avisar dos efeitos secundários… mal me pus de pé, caí de cu na cadeira. Nunca tinha experienciado uma moca daquelas… dose de elefante… Porque não explicam as coisas como elas são?? Entretanto lá me compus e andei para fora do hospital…
Ao voltar 30 minutos depois, sentei-me na sala de espera. Aguardava que me chamassem… 30 minutos, uma hora… uma hora e meia… uffff! Afinal não sabiam que tinham que me atender! Nem a mim, nem aos 20 pacientes que lá estavam há horas!! Dei de caras com um bando de médicos a conversarem com as maiores das calmas, acerca de tecnologias. Mais uma vez arrastei-me para o gabinete da doutora, dizendo que continuava cheia de dores no peito, agora com dores no cu e uma pedrada de relaxante muscular… Disse-me: “Não resultou? Então vamos da outra dose… e olhe que vai ter que ficar aqui mais tempo à espera…”. PUTZZZZZZZZZZ com que direito uma médica me diz, com desprezo concentrado, que veja lá… vá morrer longe para não cheirar mal aqui!
Que me aconteceu naquele momento? Fugi. Nunca mais pus lá as unhas!
Foi o aniversário dos meus 25 anos.