sábado, 29 de novembro de 2008

EM FRENTE À IGREJA

Tenho definitivamente que dedicar este texto à Diana, que todos os dias atura as minhas angústias, as minhas revoltas interiores, os meus acessos de loucura. Obrigada Di! =)

Normalmente não falo da minha vida publicamente. Ninguém tem nada a ver com isso, nem eu com a dos outros. Mas de momento, depois de uma experiência socialmente zoológica, tenho que sair da minha rotina literária para me expor por uns minutos, dependendo da vossa paciência.

Dias atrás fiz uma viagem com duas amigas por Portugal. Viagem curta, mas libertadora. Parámos uma noite em Portalegre, visto que tínhamos conhecidos por lá. De manhã, ao acordar, vou com a Diana até ao monte que mais nos despertou a atenção. Alto, com uma escadaria imensa. Uma igreja no topo. Decidimos que andaríamos até lá. Assim foi. Caminhámos, subimos, seguimos um rasto invisível que a natureza nos deixou. Pelo caminho fomos encontrando árvores de fruta e comendo. Nada sabe melhor pela manhã que uma peça de fruta suculenta, biológica, pura. Fomos seguindo, deparámo-nos com um par de cães que nos fizeram derreter. Olhos aprisionados. Encontravam-se num espaço de um metro quadrado, se tanto. Gostávamos de soltá-los, mas quem somos nós para nos opormos às leis da Natureza?

Continuámos o nosso caminho conversando, rindo, angustiando. Pensando. Com a Diana não preciso de muita palavra. Compreendemo-nos perfeitamente sem emitir qualquer tipo de som.

Finalmente conseguimos chegar ao cume do monte, para dizer a verdade, ia literalmente morrendo no meio daquelas escadas infindáveis. As pernas doíam, os pulmões apertavam e a cabeça rodava. Aguentámos. Chegámos ao tão desejado monte. Cheias de sede, por certo desidratadas de tanto esforço corporal. A igreja, ao lado de uma pequena casa de habitação (onde nos apoderámos da mangueira imediatamente!), estava fechada. Com pena nossa.

Ficámos as duas caladas a observar a paisagem, os campos alentejanos com uma paleta de cores fantástica. Aqueles verdes, os castanhos… um pouco de ocre aqui e ali. Só visto mesmo, para conseguir crer.

Depois de um momento introspectivo como este. Depois de termos puxado as energias ao máximo, resolvemos deitar-nos um pouco no chão. À beira do campo, em frente à igreja. Adormecemos. Por dez minutos recebemos a energia que a Mãe Terra nos ofereceu. Por dez minutos descansámos como nunca. Por dez minutos fui totalmente feliz, dotada de uma imensa paz. Elevei-me num alto astral. Só os sentidos estavam apurados. Não tinha nada comigo, mas fui realmente feliz.

Depois desses tão mágicos minutos fomos acordadas por uma parelha de imbecis. Sei que cortei a poesia toda deste texto repentinamente, mas não tenho outras palavras para descrever estes senhores. Parelha-de-Imbecis. Dois meninos, com os seus vinte e poucos. Camisa aos quadrados daquela marca que eu nunca hei-de cheirar. Os óculos de duzentos euros para o estilo. Dois carros, do mais alto calibre, com mais quatro pares de imbecis lá dentro. Vou-vos relembrar que nós nos encontrávamos deitadas no chão, em plena terra energizante. E o que se faz quando se vê duas raparigas simples a dormir em solo térreo? Chamam-nas. Fazem perguntas idiotas. Acordam-nas à pedrada… sim, meus amigos. Verídico. Ao início não ligámos. Levantámos a cabeça, mas dado ao cenário básico com que nos deparámos, achámos que era gastar paleio em vão. Queríamos continuar os nossos sonhos naquele ambiente fantástico. Mas… os rapazes continuavam a atirar pedras (atenção! Eram pedrinhas pequenas e eles atiravam devagar, de maneira a não magoar… realmente não sei o que será pior, atirar uma pedra a um cão para atingir ou atirar amendoins a um elefante com um sorriso idiota só porque está preso), como disse… eles atiravam os calhaus como se nós estivéssemos enjauladas num zoo. Mas divertiam-se. Riam. Sorriam. Achavam o acto mais hilariante das suas vidas. Bateu-me forte. Bateu-me forte aquela atitude. Não pelo acto físico, mas pela atitude medíocre que presenciava. Mais forte me bateu um calhau maiorzinho nas costas, que, num rasgo de estrica electrificante, levantei-me e dirigi-me a eles… não sei onde fui buscar aquela energia. Eu tinha ódio nos olhos. Raiva. O meu corpo estremecia por fora e por dentro. Dirigi-me àquela gente com tanta rapidez com que me levantei. Tinha levado uma injecção de adrenalina psicológica e pura. Assim que me cheguei perto deles, recuaram uns passos. Olharam uns segundos para mim, estava com calças rotas, a roupa suja da terra, descalça e o cabelo todo em pé pela real falta de banho ao longo da viagem. Até umas pedrinhas do solo tinha cravadas na pele da minha bochecha. Juro, se alguma vez alguém nestas condições e a transbordar de raiva me abordasse com esta rapidez, eu borrava-me literalmente de medo…

Aproximei-me e num êxtase de adrenalina comecei a vomitar sentenças que não sei donde vieram. Fui apoderada por uma diarreia verbal, nunca antes experienciada.

Disse-lhes tudo o que tinha a dizer, sem qualquer pudor. Ainda tentei voltar atrás, deitar-me e relaxar, mas não consegui. Muitas mais coisas tinha para vocalizar, para saltarem cá para fora, para serem cuspidas directamente para os ouvidos das pessoas certas. Aquilo que verbalizei, naqueles minutos intensos, não foi directamente para eles, mas para todos os semelhantes putrefactos com que me deparo todos os dias. Foram eles que ouviram.

Não lhes toquei. O único toque físico que fiz foi mesmo quando me agarrei ao colarinho da bonita camisa de um deles, aproximei-me da sua cara e disse com ar de tresloucada: “Com esta camisa eu e a minha filha comíamos durante uma semana. Com esses óculos, matavas a fome a muito boa gente.” Quando tive esta reacção estava com meio corpo enfiado pela janela do carro deles. As portas estavam trancadas. A princípio riram-se mas quando começou a doer a consciência, nem sequer nos olhos me olhavam. Estavam presentes várias pessoas. Homens e mulheres. Dirigi-me a todos sem excepção. Referi que andavam a matar a Mãe Terra, que nos andavam a matar a nós. Que éramos todos semelhantes, desde a lombriga ao Homem. Porquê inferiorizar um ser por ele nos parecer menor? Basicamente foi isso que aconteceu…

De tudo isto, espero que tenha aberto uma luz a alguém. Um acesso de loucura destes, completamente descontrolado, não se vê todos os dias. Habilitei-me a levar porrada daquele batalhão. Não levei. Porquê? Não faço a mínima ideia. A única certeza que tenho é o ódio que senti, nunca antes sentido. Uma encarnação da Mãe Terra no meu corpo. Uma revolta. Depois desta situação chorei. Chorei de raiva compulsivamente durante duas horas. Outros dois dias a chorar aos poucos. Ainda hoje, uma semana depois, corre-me a lágrima no rosto da experiência mais libertadora que tive. Até secarem completamente. Ou não.

Espero que um dia os rapazes que presenciaram o meu acesso de loucura e levaram um sermão directa ou indirectamente, leiam este texto. Desejo-lhes toda a felicidade do mundo. Libertem-se desses trajes desconfortáveis, dessa mente fechada, desse preconceito social. Pensem antes de agir, nunca se sabe onde a Mãe Terra vai estar a encarnar no momento.

Sorriam. Sejam Livres.

Raquel Ançã

29 Novembro 2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

A vocês, pessoas



Autistas compulsivos

Medíocres forçados


Tempos descompassados

Destinos desorientados.


Exprimo, espremo, exibo

Os passados passados

Infelizes e descompensados

Dos puros valores desperdiçados.

Panóplias




Panóplias.

Panóplias de coisas confusas no meu interior. Interior esse em que se refundem sentimentos cuja filosofia se entrelaça com as histórias. Histórias essas, infindáveis. Início no desenvolvimento, desenvolvimento no final, final não há.

Panóplias.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

MEMÓRIAS






Assim te conheci.

No Agosto quente

Junto ao paraíso.

Deste-me histórias,

Contaste conchas;

Ouvimos o silêncio

Ribombar no seco.

Chorámos o riso,

Rimos do choro.

Gritámos aos deuses.

Nada mais.


Assim te conheci.

Era Outono

Fazia frio.

Abraçaste-me.

O calor espalhou-se

Pelos corpos excitados.

Sem recusa, sem palavra.

Enrolados na paisagem

Guardada na memória.

Nada mais.


Assim te conheci.

Novembro na fogueira.

Espalhavas sorrisos

Com a guitarra.

A preta pele aclamava

O charme da tua musa.

Improvisavas num só tom.

Melancólico.

Tive sorrisos, olhares,

Amor, momento.

Nada mais.


Assim te conheci.

Numa noite de Lisboa.

Selvagem, exótico, sensual.

Aura brilhante,

Ilusionismo astral.

Incandescente.

Historiador dos sentidos

Cultivador de sensações.

Cruzamento de ruas.

Nada mais.


Assim te conheci.

Para lá de uns anos.

Galanteavas emoções

Com poemas e prosas

Nunca declamadas antes.

Memória alucinante.

Pessoa aventureira

De onde saltam os infinitos

Espaço e tempo.

Palavras, frases,

Dentadas.

Nada mais.


Assim te conheci.

Naquela inauguração.

Expunhas os valores,

A tua intimidade

Sob os olhares reprovadores.

As mentes maléficas

E a snobeira artística.

Pintura, escultura,

Instalação.

Perduram

Não menos que a copulação.

Nada mais.


Assim me conheci.

Imóvel em frente ao espelho.

Dias afim, de noção ligeira.

Reais estradas de tempo na cara.

Sinais do que foi a vida no corpo.

Sozinha, desaproveitada.

Amor-próprio enterrado no poço.

Flacidez, despelada.

Restam memórias,

Pensamentos.

Agora…

É tarde demais.

VOZES





Divagando

De rua em rua.

Garrafas vazias

A beata nua.

Acordo olhando

A mediocridade,

O básico,

O primário.

Não venhas!

Não apareças, é demais!

As capacidades,

Os estatutos

Duma democracia perdida.

Fumo um cigarro.

Acendo outro,

Mais outro atrás.

Nos ouvidos soa algo.

O cérebro já lá foi

Muito mais além,

Não queiras saber

O quanto perdido está.

Consigo encontrar

O carácter, tão elevado,

Ao mais alto cuidado,

Para não ser

Escorraçado!

Básico, nível, contido.



Memórias boas,

Menos más.

Essas outras vêm atrás

Daquele tempo em que senti

A escória penetrar

No inconsciente fugaz.


Falo com ela, a voz

De onde sugo a memória

Ao milésimo ponto

Mais atroz.

Respiro.

Muito fundo.

Sou eu, aqui estou.

Presa.

Confusa.

Fodida.


És tu?

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

INSÓNIAS




Essas putas consumistas do cansaço diário. Aquelas que não deixam cerrar os olhos. As que esporram adrenalina, essa vitamina que nos faz mexer. As cabras fascistas que tocam no céu no nosso nervo mais sensível e mantém a luz acesa. Tudo fica claro quando nos implode a sensação de estenuamento seguido do orgasmo múltiplo que nos mantém a cabeça a rodar durante toda a noite. Aquelas idiotas capitalistas que nos roubam o brio sobre o breu. Nada mais que tirar o nosso rosto descansado e espetar um par de olheiras sob os olhos e uma resma de rugas aqui e ali. Quarto escuro, cama feita, almofada minha. Tudo para um perfeito sonho. Tu a meu lado com a sonolenta respiração ofegante. Abraço-te na esperança de vencer aquelas incontornáveis putas. Nada. Continuo deitada com os sentidos afinados no que não se passa. O sol nasce, o orvalho seca, há vida de novo. Assim encaro mais um dia.

domingo, 31 de agosto de 2008

INSPIRAÇÃO



Pisco um olho

Para escrever no papel.

A linha já são duas.

Às duas por três,

Não sabes quem tu és…


Assim, às seis da manhã,

No paraíso do meu pensamento,

Esse que me leva a pensar

O pensamento do pensar que (talvez)

Já foi pensado.


Ando aqui a tentar.


Liberdade!

De expressão, de corpo, de cor.

O herói é aquele que um dia conseguiu a atenção desejada.


Mais uma golada!

Caio de cu.

Estou embriagada…


segunda-feira, 23 de junho de 2008

A Minha Filosofia




Este foi o meu ensaio que acompanhou o trabalho de fotografia analógica, no 2º semestre do 1º ano. As fotografias são que estão juntas, pelo menos parte delas... Peço desculpa ao professor pelas divagações e às pessoas a quem possa ofender...


Porquê A Minha Filosofia? Porque não A Minha Praia, A Minha Filha, ou outro tema qualquer? Poderei responder dissertando acerca da minha filosofia de vida.

Ao ir à praia com a minha filha denoto a educação que lhe tenho vindo a dar nestes 5 anos da sua vida. A nossa situação social muitas vezes não é compreendida pelas outras pessoas. O andar descalças, o vestir como nos apetece, o estar nua na praia, o ser LIVRE! O fazer e dizer aquilo que realmente sentimos. Não é socialmente aceite, o Zé Povinho não o compreende. Existem pessoas que realmente merecem uma atenção especial, outras, merecem desprezo e a chamada “conversa de meteorologia”. Não tenho paciência para devaneios sobre coisas superficiais, para gente dotada de burrice extrema. Poderá parecer egoísmo da minha parte, ou mesmo preconceito, mas estou nesta vida para adquirir conhecimento, para absorver tudo o que me faça pensar e filosofar. Quanto à minha filosofia de vida, o mais importante nesta é estar e sentirmo-nos livres. E é isso que tento passar à minha filha. Assim que ela chega à praia, a primeira acção é a de despir a roupa toda, há que aproveitar enquanto se é criança, enquanto não nos temos que tapar por causas pudicas, a segunda é mesmo ir cumprimentar as ondas. Não nos podemos sentir constrangidos por nos sentirmos bem. Gostaria de poder abrir a mente às pessoas, mas fico-me apenas pelo desprezo, pela minha dissertação que mais tarde acabará em ódio. Esta é uma das razões do meu “nomadismo”. Nunca me fixo num sítio. Assim vou contra ao meu estado de vivência. Talvez um dia mais tarde, quando encontrar o sítio perfeito. Gosto de conhecer, de viajar, de recomeçar. Não me é possível viver num local sem definir antes um objectivo. Assim que o cumpro, parto para a aventura numa nova cidade, com novas pessoas, culturas, paisagens, cheiros. Assim nunca me sinto pressionada pela população mais reles, mais incompreensível, mais básica. Tenho esta filosofia mas atenção, não me prendo à cultura ou ás classes sociais. Agrada-me bastante passar um dia inteiro a conversar com um velho pescador. Aprendo sobre a sua profissão, sobre o mar, sobre a lua. Lendas, histórias reais fabulosas. Autênticas aventuras! Daí sim, inspiro-me e sinto-me feliz. Seria agoniante passar um dia a conversar com uma pessoa acerca de roupas, modas, telenovelas, futebol, entre outras coisas primárias que me provocam asco. Sim, passei 3 anos obrigada a trabalhar com esse género de seres humanos/ criaturas. Hoje em dia olho para trás e sei que fizeram parte da minha aprendizagem. Daí, talvez a minha revolta e o sentido radical de “catalogar” as pessoas. Foi agressivo, mas serviu de lição e espero que não tenha de repetir a experiência.

As fotografias que apresento não são mais que a exposição de uma liberdade vivida por uma criança feliz. As crianças são puras até serem influenciadas, e contra isso, não podemos lutar. Os meios de comunicação, as escolas, os professores, a sociedade. Tudo faz parte do crescimento e absorção da ciência da própria criança. Mais tarde é revelada no adulto. E é aqui que nós progenitores, entramos. Encaminhá-los para uma boa vida, ensinando e deixando-os experienciar as coisas boas e más. Não castrando. A minha filha reflecte muito da minha infância. De vez em quando pergunta-me por que é que nos vestimos “assim”, porque é que os colegas e amigos dela não conhecem a música que ela ouve, porque é que eles não sabem o que é o teatro, porque é que não olham para o mundo como nós olhamos… e como explicar isto a uma criança de 5 anos? Cada resposta é alvo de uma nova dúvida. Cada resposta que dermos irá influenciar o seu ser adulto. É uma tarefa complicada ser-se mãe ou pai, é uma grande responsabilidade e um grande prazer! E no olhar dela nota-se sempre a curiosidade de aprender, de absorver o conhecimento na hora. Expresso na fotografia com o grande plano da cara dela, tirada no momento em que uma grande dúvida surgiu na cabeça dela: “Mãe, o que é que os bichinhos dos búzios comem?”. Aqui está uma óptima questão. Ingénua, tão simples mas, ao mesmo tempo, tão complexa. Remete-me o pensamento até à minha infância, onde ás refeições se discutia arte, onde o meu pai fazia com que o estudar fosse uma tarefa divertida, onde, depois da escola, íamos até ao CCB ou à Gulbenkian assistir um concerto de música clássica, ou a uma exposição. Escusado será dizer que não poderia discutir tão bons momentos com os meus colegas, pois a sua rotina era na verdade, ver telenovelas, brincar com os jogos electrónicos ou ir ao centro comecial.

As crianças são o nosso reflexo. Lembra-me de uma história a que tive o desprazer de fazer parte, quando um colega da Madalena, minha filha, brincava com um pau, fazendo de pistola. Andava a matar toda a gente. Perguntei-lhe por que é que em vez de matar, não transformava as pessoas noutras coisas: flores, monstrinhos, animais. Ao que ele, depois de reflectir um pouco responde, ao apontar-me o pau: “Já sei! Vou-te transformar em Playstation!”. Em Playstation?? Fiquei abismada, aterrorizada! A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que aquela criança de 5 anos era já um caso perdido! Depois pensei que, por bem de nós todos, não me deveria cruzar com os pais dele. E só mais tarde me apercebi que a minha filha estava diariamente rodeada por mini-pessoas como aquela. Não me importei, sei que não será influenciada. Mas aquele pedaço de gente um dia será um dos nossos governadores, médicos, jornalistas… isso sim, provoca-me ânsias. É um daqueles meninos que vai ao parque infantil e não pode brincar porque suja a roupa, correr, porque se cansa, saltar, porque rompe as calças…

Para concluir a minha dissertação “anti-social”, acrescento que tudo o que nos passa pela vida constrói o nosso carácter. Uns ignoram, outros reflectem. Depende de cada um, da vivência e do objectivo. Esta é a minha filosofia.

sábado, 7 de junho de 2008

Hospital



Writing just for fun. Writing maybe to leave all the bad energies on the paper. They just slize from the body, pencil and transform in words and storys. I could say just words but my heart has something to tell. We live our life when we are young, so quietly, all problems seem so stupid, so primary. Everything changes when we have a real problem. And believe it or not, my main problem is not me, but when happens something to my daughter. She’s my life. She’s the only reason to live. She’s my best friend.

Seeing her sick. On the hospital. With needles everywhere and medicins, chemicals, shit. She’s pale, completly white. Under her eyes, just purple. Skinny. Doesn’t have strenght to move, to play, to talk. Pain everywhere. And all of this passe to me. But the worst on this situation is that I can’t show suffering. I have to be strong. I have to smile all day and play and laugh. Give her all my love.

I look at her. She’s trying to sleep. She moves two fingers to play with a toy. Allways sleeping and waking up.

I’m here my love; I’ll never leave you alone, for the rest of my life...

LES ILLUMINATIONS

« Quand le monde será réduit en un seul bois noir pour nos quatre yeux étonnés, - en une plage pour deux enfants fidèles, - en une maison musicale pour notre claire sympathique,- je vous trouverais. »

“Quando o mundo estiver reduzido a um só bosque negro para os nossos olhos espantados – a uma praia para duas crianças sinceras, - a uma casa musical para a nossa clara simpatia – encontrar-vos-ei.”


« Quand nous sommes très forts, - qui recule? Très gais, - qui toimbe de ridicule? Quand nous sommes très méchants, que ferait – on de nous? Parez-vous, dansez, riez. – Je ne pourrais jamais envoyer l’amour par la fenêtre. »

“Quando somos muito fortes, - quem recua? Muito alegres, - quem cai no ridículo? Quando somos muito maus, - que faremos de nós? Alindai-vos, bailai, desatai a rir. – Eu nunca poderei atirar o amor pela janela.”

Jean-Arthur Rimbaud

sábado, 24 de maio de 2008

E SE TODOS GOSTÁSSEMOS DE AMARELO??


acrílico s/ tela
25x20 cm

Raquel Ançã
Maio 2008

Dúvidas


Fotografia: Diana Estevens

Choro, rio. Apática.

Farta de falsas simpatias.

De viver todos os dias

Da apatia mais simpática.

Esta vida enfadonha

Entre paredes amarelas,

Pessoas que só fazem por elas

E desprezam quem sonha.

Da curiosidade falsa

Da falsidade curiosa.

Gente pecaminosa

Cujo objectivo não ultrapassa.

Não vivo para além do esperado,

Tentando conciliar

A loucura e o mais vago

Pensamento alienado

Chego-me a ti. Sussurro:

“Adeus. Vou para o outro lado…”


Novembro 2007






Pecado!


Fotografia: Miana Ançã





Descendo as escadas a pares.

Corro.

Fujo para onde a cabeça me levar.

Sem rumo. Apenas sentir.

O vento espalha-se

Enregela o interior do corpo.

Não paro. A ansiedade está por dentro,

Invade-me com o sentimento

De culpa. Depois da noite bem passada,

A teu lado. Repressão.

Enfrentar a humanidade julgadora.

O povo. A população.

Está a chegar a hora

De tudo terminar.

Os raios de sol apagam

O peso da consciência.

O dia passa entre os dedos;

Olhando para o chão,

Onde o sentido, a depressão.

Se esvai com a lua.

Não há muito mais a dizer.

Tu és minha. Eu sou tua.

12.12.2007

Sociavelmente Detestável


Depois da noite agitada

O descambar da madrugada

O amanhecer em cama incerta

E a manhã procurando a porta aberta,

Ao encontro da razão

Que possa ter escapado em vão

Com o pó, alcoól e comprimido

Enquanto está tudo iludido

Que existe um mundo perfeito

E, contudo, acaba…

Continua semelhante,

Ao que era, inconstante.

As rotinas sem nexo

Num dia a dia complexo.

Para saborear de manhã

O café na esplanada,

De onde o bónus vem na chávena

A vida dos outros detalhada.

Não existe pudor,

Humildade, calor.

Posto em cima da mesa

O bolo e a certeza

De quem foi puta ou santa.

Uma trinca, um olhar espanta;

Um trago, um sussurro,

Sobre o infeliz da aliança

De quem não tem confiança

Para falar, confessar,

O que na alma se possa passar.

No açúcar, a melancolia,

No papel, a nostalgia

De quem não sabe o que escrever

Mas, para além disso, dizer

Que a sociedade, além de perdida,

Foi, é e será o fingir da vida.

Depois do orgasmo matinal,

A vida habitual.

Do esforço irónico, passivo e atroz.

De onde a voz

Ecoa sem som

E continua sem sentido

Deturpada,

A enfrentar o mundo perdido.



Novembro 2007




Sometimes life jokes at us...


Sometimes life jokes at us. Play with our feelings, our senses, our imagination. Each one of us has a little world. We live in a world full of small worlds, like a puzzle. Some people let the door open, some people close it and others just peek on the locker to choose who they let to come in. I think that the main problem in the real world is that most people close or just choose who to relate to. That’s why we can’t move forward, that’s why we (and when I say we is the human race!) don’t accept the difference. Each one of us just think that is superior than the other one. And I’m not an exception. My world has always the door open. But the way to get there is very hard. Sometimes I keep thinking about that way and about people who crossed it. They had to climb big mountains full of snow, rocks and wild animals. They had to scream so loud for me to listen and run to get them. Some people stayed in half of the way. We can talk in the top of the mountain and then I go back to my world and they return to their. You, Rob, you flew. You didn’t cross the hard way, you didn’t pass the snow, the rocks or the wild animals. You didn’t eat the clouds, just flew above them; didn’t grab the stars, just looked at them and realized that they are perfect exactly where they are; you didn’t scream, because I was already waiting for you. Why? Why didn’t you have that difficulty that everyone has? Maybe your world is simmilar to mine and you knew all the steps to get there. I don’t know the answer, but in fact I wanted to say that you entered in my world that is kept in my heart. Sometimes life jokes at us.

In the real world people think that I’m crazy. Doing what I want, that I really want! Even if it’s absurd. If I want to scream, I’ll scream. If I want to talk, I’ll just talk. If I want to listen, I’ll listen. If I want to be a ghost for one day, I’m a ghost. That’s simple, that’s freedom. Being free is the most important thing. Just don’t care about what people think or do. Just be.

The most funniest thing is that I have my beautiful daughter that thinks in the same way. I didn’t teach her to be like that. She choosed me has her mother. She was already like that and she’s my best friend. We live together in the same world, we share the same world. And nobody gets in without mine or her permission

The Universe gave us a gift. A real one. The one that you wait your all life to get it. And that gift was you, Robinson. Meeting a person like you make us want to live intensily life. Make us want to give everything away, to give up of everything that surround us to pay attention to your person. To your smile. I’m really grateful to the energies that brought you to our life. I never was so understood by a person. I think that I was never so happy with a person by my side. Relaxes me to see your beautiful eyes and your beautiful soul. Your kisses, hugs and love. But Universe can make things hard. Sometimes life jokes at us. What she brings, she takes away. And in this moment I have an ocean separating me from you. But I’m going to fight, first for your friendship and than for your love. I cry tears of missing. Is that unfair? Is that being sellfish? Maybe. But I can tell you some true words. Thinking of you makes me feel the heart exploding, butterflies in my stomach and a shiver going up my body. If that is being in love, it means that I never were, because I never felt like this. Thank you! Because of that I will laugh about the jokes that life does to me...


May 2008