terça-feira, 2 de setembro de 2008

MEMÓRIAS






Assim te conheci.

No Agosto quente

Junto ao paraíso.

Deste-me histórias,

Contaste conchas;

Ouvimos o silêncio

Ribombar no seco.

Chorámos o riso,

Rimos do choro.

Gritámos aos deuses.

Nada mais.


Assim te conheci.

Era Outono

Fazia frio.

Abraçaste-me.

O calor espalhou-se

Pelos corpos excitados.

Sem recusa, sem palavra.

Enrolados na paisagem

Guardada na memória.

Nada mais.


Assim te conheci.

Novembro na fogueira.

Espalhavas sorrisos

Com a guitarra.

A preta pele aclamava

O charme da tua musa.

Improvisavas num só tom.

Melancólico.

Tive sorrisos, olhares,

Amor, momento.

Nada mais.


Assim te conheci.

Numa noite de Lisboa.

Selvagem, exótico, sensual.

Aura brilhante,

Ilusionismo astral.

Incandescente.

Historiador dos sentidos

Cultivador de sensações.

Cruzamento de ruas.

Nada mais.


Assim te conheci.

Para lá de uns anos.

Galanteavas emoções

Com poemas e prosas

Nunca declamadas antes.

Memória alucinante.

Pessoa aventureira

De onde saltam os infinitos

Espaço e tempo.

Palavras, frases,

Dentadas.

Nada mais.


Assim te conheci.

Naquela inauguração.

Expunhas os valores,

A tua intimidade

Sob os olhares reprovadores.

As mentes maléficas

E a snobeira artística.

Pintura, escultura,

Instalação.

Perduram

Não menos que a copulação.

Nada mais.


Assim me conheci.

Imóvel em frente ao espelho.

Dias afim, de noção ligeira.

Reais estradas de tempo na cara.

Sinais do que foi a vida no corpo.

Sozinha, desaproveitada.

Amor-próprio enterrado no poço.

Flacidez, despelada.

Restam memórias,

Pensamentos.

Agora…

É tarde demais.

1 comentário:

Anónimo disse...

ja
era este...

a*